8 de agosto de 2010

COMO A POPULAÇÃO VÊ A POLICIA DEPOIS DA VIOLÊNCIA:casos de violência em SÃO PAULO E RIO DE JANEIRO



a)casos de violência em sâoPAULO E RIO DE JANEIRO**************a violência policial não pode ser tratada como um caso isolado, como produto único e exclusivo da polícia. A polícia não é autônoma, mas faz parte do aparato de Estado. Ela é corrente de transmissão do pensamento do Estado, da função do Estado, o braço armado do Estado. Então é preciso que se entenda a violência policial e todo esse desdobramento, dentro dessa lógica de Estado. A repressão do Estado e não simplesmente a violência policial como um fato, como se o responsável por isso fosse apenas o policial. Se o policial tem liberdade para fazer isso é porque alguém lhe confere essa liberdade. E quem confere essa liberdade ao policial é o Estado. Quando mataram aquelas crianças na Candelária, a classe média aplaudiu aquilo ali. Quando a polícia "passou o cerol" naqueles 111 em Carandiru, parte da classe média bateu palma. Então setores da classe média foram a favor do Exército na rua. Muita gente fala: "que saudade da época do regime militar". Tem uma parte da classe média que se mantém reacionária e serve como base social que apóia as atrocidades contra o povo. Então, se temos essa polícia truculenta, ela não se deu do nada. Além de ser uma construção da época da ditadura, tem policiais que serviram na ditadura e hoje são comandantes de batalhão ou delegados. Ainda tem gente que serviu à ditadura que hoje está ligada às forças de segurança. Esse ranço da ditadura continua. A polícia é o aparato de segurança. Ela não tem outra alternativa a não ser reprimir. Ela é feita para isso. É a máquina do Estado para COORDENAR E DEFENDER E PROTEGER OS CIDADÕES. Essa história de polícia humanizada me parece algo irreal. Se uma autoridade te dá um fuzil AR-15, ela já está partindo do pressuposto que você tem que estar preparado para matar ou morrer. Para começo de conversa, é arma de guerra. O cara não está usando ali arma para munição de borracha, arma de choque. Ele tá usando arma de guerra. Mesmo uma 45, uma 9mm... O problema que eu coloco é filosófico: por que a sociedade precisa de polícia ARMADA DE FUZIL,E METRALHADORA?



a) análise mostrando que é a primeira vez que o Estado justifica uma chacina. Pode explicar melhor?
— Se a gente pegar outros casos de matança cometidos pela polícia na história do Rio de Janeiro, matanças com muita gente, até então nunca o Estado chegou e disse que os policiais envolvidos estavam certos. Chacina da Candelária. Eram policiais contratados por comerciantes para "limpar" o centro das crianças de rua. Aí está: agiram contra a lei, não estavam fardados, e tal. Mesma coisa em relação a Vigário Geral, que embora tenham ido fardados, o Estado disse que eles não estavam em uma operação permitida. Disse que era uma operação ilegal. Nas outras grandes chacinas, a mesma coisa: nunca o Estado falou que eles estavam fazendo o serviço deles. Em ocasiões menores, sim, eles falavam isso. Agora, nessa chacina do Alemão, não. Até agora o discurso está sendo raivoso. "São todos bandidos". Nem pensa "não, talvez...". Mas não, o governador diz que todos são bandidos. Está nos jornais de : "A polícia fez certo. Vamos continuar". Isso é um dado que mostra a escalada no sentido de liberar a polícia para fazer tudo.



B) No final da tarde do dia 11 de junho, policiais do 22° Batalhão da PM do Rio invadiram a favela Nova Holanda, no subúrbio da cidade, e promoveram um verdadeiro massacre. Segundo moradores, os policiais entraram na favela atirando para todos os lados e assustando centenas de trabalhadores que chegavam em casa após mais um cansativo dia de serviço.
Chacina na Nova Holanda: enterro de Deividson Pacheco, de 19 anos
A operação começou na Rua Santa Rita, onde funciona uma modesta barbearia. Ao passar pelo local, os policiais começaram a atirar em direção ao estabelecimento, atingindo seis pessoas: Alexsandro de Oliveira Nascimento, 22 anos, Rodson Soares Gomes, também 22 anos, Gilberto dos Santos, 35 anos, Deividson Evangelista Pacheco, 19 anos, Paulo Cardoso Batalha, 47 anos, e seu filho Gabriel Batalha, de 5 anos. Paulo estava com o menino no colo cortando o cabelo no momento em que foi atingido na cabeça. O frentista morreu na hora e o menino Gabriel, atingido na mão, está internado no Hospital Geral de Bonsucesso e corre o risco de perder os dedos.

Aluno do Ciep Yuri Gagarin, o jovem Deividson Evangelista Pacheco também foi atingido na cabeça e morreu a caminho do hospital. Segundo sua mãe, Dilma Barbosa Bezerra, de 55 anos, o rapaz tinha problemas auditivos por conta de uma meningite contraída aos 5 anos e demorou para notar a presença da polícia.

— Meu filho era um menino bom. Nunca foi envolvido com nada de errado. A nossa vida aqui na favela não vale nada para essa polícia. Meu filho tinha problemas de audição e demorou mais do que os outros fregueses para notar o tiroteio. Que covardia que fizeram com ele. Vou lutar por justiça até o fim da minha vida. Depois que esse governador [Sérgio Cabral] foi eleito, acabou o pouco de paz que nós tínhamos. Toda semana a polícia entra aqui e mata alguém. Seja bandido, que eles executam, ou trabalhador, que eles atiram nas costas. Não importa se é traficante ou não, aqui todo mundo tem medo da polícia e todo mundo corre quando ela chega — lamenta a mãe de Deividson no enterro do filho, dia 13 de junho, no cemitério do Caju.

Além disso, moradores denunciam que, após atirarem contra a barbearia, PMs ainda teriam adentrado o local, agredido outros clientes e roubado pertences das vítimas, como carteiras, relógios e outros objetos de valor.

A favela Nova Holanda, no bairro de Bonsucesso, é uma das 22 do complexo de favelas da Maré, assim como o Parque União, onde a PM também ataca com frequência. Em abril do ano passado, moradores chegaram a pedir a Ordem dos Advogados do Brasil que instalasse um posto fixo no Parque União para coibir os abusos policiais, mas até hoje, a favela continua entregue à violência permanente da polícia.

No dia 2 de maio último, PMs invadiram a favela para a instalação da nova sede do Batalhão de Operações Especiais, o BOPE, que atualmente fica no Catete, bairro nobre do Rio. A operação terminou com seis moradores mortos, dentre os quais estava um dos chefes do tráfico varejista. Segundo a Secretaria de Segurança Pública e o monopólio dos meios de comunicação, as outras cinco vítimas também morreram em confronto com a PM, uma mentira fabricada para ocultar a chacina promovida pelos policiais.

Um comentário:

Paulo Roberto Brandão disse...

Muitos mortos em meio à violência policial que ainda não esmoreceu. Vale a pena lembrar. Lembrar para que não mais se repitam esses e outros tristes episódios, que até hoje não contaram com os esclarecimentos necessários.

Trata-se de violência por agentes do Estado, na maioria das vezes sem uma resposta aos reclamos das mães e parentes dos meninos eliminados.

Diante da inércia das autoridades brasileiras – já que ninguém se volta contra si próprio – é imperioso que se busque nas entidades inernacionais de Direitos Humanos o reconhecimento da violência consentida e praticada pelo Estado, com o esclarecimento dos fatos e a punição de todos os culpados (não apenas de uma parte), pois trata-se de crimes lesa-humanidade.

A manifestação pública ocorrida hoje, no Rio de Janeiro, está apontando o caminho a ser seguido, de luta contra a violência, contra a impunidade e pela Justiça.
Postado por Hélio Bicudo às 17:32 0 comentários Enviar por e-mail BlogThis! Compartilhar no Twitter Compartilhar no Facebook Compartilhar no Google Buzz