8 de agosto de 2010

DEFINIÇÃO DE SAUDADES - FELIZ DIA DOS PAIS; Dr. Rogério Brandão, Médico


Feliz dia dos pais;; Como médico cancerologista, já calejado com longos 29 anos de
atuação profissional (...) posso afirmar que cresci e modifiquei-me com os
dramas vivenciados pelos meus pacientes. Não conhecemos nossa verdadeira
dimensão até que, pegos pela adversidade, descobrimos que somos capazes de
ir muito mais além.

Recordo-me com emoção do Hospital do Câncer de Pernambuco,
onde dei meus primeiros passos como profissional... Comecei a
freqüentar a enfermaria infantil e apaixonei-me pela oncopediatria.
Vivenciei os dramas dos meus pacientes, crianças vítimas inocentes do
câncer. Com o nascimento da minha primeira filha, comecei a me acovardar ao
ver o sofrimento das crianças.

Até o dia em que um anjo passou por mim! Meu anjo veio na forma de uma
criança já com 11 anos, calejada por dois longos anos de tratamentos
diversos, manipulações, injeções e todos os desconfortos trazidos pelos
programas de químicos e radioterapias. Mas nunca vi o pequeno anjo
fraquejar. Vi-a chorar muitas vezes; também vi medo em seus olhinhos;
porém, isso é humano!

Um dia, cheguei ao hospital cedinho e encontrei meu anjo sozinho no
quarto. Perguntei pela mãe. A resposta que recebi, ainda hoje, não consigo
contar sem vivenciar profunda emoção.

- Tio, - disse-me ela - às vezes minha mãe sai do quarto para chorar
escondido nos corredores... Quando eu morrer, acho que ela vai ficar com
muita saudade. Mas, eu não tenho medo de morrer, tio. Eu não nasci para esta
vida!

Indaguei:
- E o que morte representa para você, minha querida?
- Olha tio, quando a gente é pequena, às vezes, vamos dormir na cama do
nosso pai e, no outro dia, acordamos em nossa própria cama, não é?
(Lembrei das minhas filhas, na época crianças de 6 e 2 anos, com elas, eu
procedia exatamente assim.)
- É isso mesmo.
- Um dia eu vou dormir e o meu Pai vem me buscar. Vou acordar na casa Dele,
na minha vida verdadeira!

Fiquei "entupigaitado", não sabia o que dizer. Chocado com a maturidade
com que o sofrimento acelerou, a visão e a espiritualidade daquela criança.
- E minha mãe vai ficar com saudades - emendou ela.

Emocionado, contendo uma lágrima e um soluço, perguntei:
- E o que saudade significa para você, minha querida?
- Saudade é o amor que fica!

Hoje, aos 53 anos de idade, desafio qualquer um a dar uma definição
melhor, mais direta e simples para a palavra saudade: é o amor que fica!

Meu anjinho já se foi, há longos anos. Mas, deixou-me uma grande lição
que ajudou a melhorar a minha vida, a tentar ser mais humano
e carinhoso com meus doentes, a repensar meus valores. Quando a noite chega,
se o céu está limpo e vejo uma estrela, chamo pelo "meu anjo", que brilha
e resplandece no céu.
Imagino ser ela uma fulgurante estrela em sua nova e eterna casa.
Obrigado anjinho, pela vida bonita que teve, pelas lições que me
ensinaste, pela ajuda que me deste. Que bom que existe saudade! O amor que
ficou é eterno.


Feliz dia dos pais E UM FORTE ABRAÇO;

COMO A POPULAÇÃO VÊ A POLICIA DEPOIS DA VIOLÊNCIA:casos de violência em SÃO PAULO E RIO DE JANEIRO



a)casos de violência em sâoPAULO E RIO DE JANEIRO**************a violência policial não pode ser tratada como um caso isolado, como produto único e exclusivo da polícia. A polícia não é autônoma, mas faz parte do aparato de Estado. Ela é corrente de transmissão do pensamento do Estado, da função do Estado, o braço armado do Estado. Então é preciso que se entenda a violência policial e todo esse desdobramento, dentro dessa lógica de Estado. A repressão do Estado e não simplesmente a violência policial como um fato, como se o responsável por isso fosse apenas o policial. Se o policial tem liberdade para fazer isso é porque alguém lhe confere essa liberdade. E quem confere essa liberdade ao policial é o Estado. Quando mataram aquelas crianças na Candelária, a classe média aplaudiu aquilo ali. Quando a polícia "passou o cerol" naqueles 111 em Carandiru, parte da classe média bateu palma. Então setores da classe média foram a favor do Exército na rua. Muita gente fala: "que saudade da época do regime militar". Tem uma parte da classe média que se mantém reacionária e serve como base social que apóia as atrocidades contra o povo. Então, se temos essa polícia truculenta, ela não se deu do nada. Além de ser uma construção da época da ditadura, tem policiais que serviram na ditadura e hoje são comandantes de batalhão ou delegados. Ainda tem gente que serviu à ditadura que hoje está ligada às forças de segurança. Esse ranço da ditadura continua. A polícia é o aparato de segurança. Ela não tem outra alternativa a não ser reprimir. Ela é feita para isso. É a máquina do Estado para COORDENAR E DEFENDER E PROTEGER OS CIDADÕES. Essa história de polícia humanizada me parece algo irreal. Se uma autoridade te dá um fuzil AR-15, ela já está partindo do pressuposto que você tem que estar preparado para matar ou morrer. Para começo de conversa, é arma de guerra. O cara não está usando ali arma para munição de borracha, arma de choque. Ele tá usando arma de guerra. Mesmo uma 45, uma 9mm... O problema que eu coloco é filosófico: por que a sociedade precisa de polícia ARMADA DE FUZIL,E METRALHADORA?



a) análise mostrando que é a primeira vez que o Estado justifica uma chacina. Pode explicar melhor?
— Se a gente pegar outros casos de matança cometidos pela polícia na história do Rio de Janeiro, matanças com muita gente, até então nunca o Estado chegou e disse que os policiais envolvidos estavam certos. Chacina da Candelária. Eram policiais contratados por comerciantes para "limpar" o centro das crianças de rua. Aí está: agiram contra a lei, não estavam fardados, e tal. Mesma coisa em relação a Vigário Geral, que embora tenham ido fardados, o Estado disse que eles não estavam em uma operação permitida. Disse que era uma operação ilegal. Nas outras grandes chacinas, a mesma coisa: nunca o Estado falou que eles estavam fazendo o serviço deles. Em ocasiões menores, sim, eles falavam isso. Agora, nessa chacina do Alemão, não. Até agora o discurso está sendo raivoso. "São todos bandidos". Nem pensa "não, talvez...". Mas não, o governador diz que todos são bandidos. Está nos jornais de : "A polícia fez certo. Vamos continuar". Isso é um dado que mostra a escalada no sentido de liberar a polícia para fazer tudo.



B) No final da tarde do dia 11 de junho, policiais do 22° Batalhão da PM do Rio invadiram a favela Nova Holanda, no subúrbio da cidade, e promoveram um verdadeiro massacre. Segundo moradores, os policiais entraram na favela atirando para todos os lados e assustando centenas de trabalhadores que chegavam em casa após mais um cansativo dia de serviço.
Chacina na Nova Holanda: enterro de Deividson Pacheco, de 19 anos
A operação começou na Rua Santa Rita, onde funciona uma modesta barbearia. Ao passar pelo local, os policiais começaram a atirar em direção ao estabelecimento, atingindo seis pessoas: Alexsandro de Oliveira Nascimento, 22 anos, Rodson Soares Gomes, também 22 anos, Gilberto dos Santos, 35 anos, Deividson Evangelista Pacheco, 19 anos, Paulo Cardoso Batalha, 47 anos, e seu filho Gabriel Batalha, de 5 anos. Paulo estava com o menino no colo cortando o cabelo no momento em que foi atingido na cabeça. O frentista morreu na hora e o menino Gabriel, atingido na mão, está internado no Hospital Geral de Bonsucesso e corre o risco de perder os dedos.

Aluno do Ciep Yuri Gagarin, o jovem Deividson Evangelista Pacheco também foi atingido na cabeça e morreu a caminho do hospital. Segundo sua mãe, Dilma Barbosa Bezerra, de 55 anos, o rapaz tinha problemas auditivos por conta de uma meningite contraída aos 5 anos e demorou para notar a presença da polícia.

— Meu filho era um menino bom. Nunca foi envolvido com nada de errado. A nossa vida aqui na favela não vale nada para essa polícia. Meu filho tinha problemas de audição e demorou mais do que os outros fregueses para notar o tiroteio. Que covardia que fizeram com ele. Vou lutar por justiça até o fim da minha vida. Depois que esse governador [Sérgio Cabral] foi eleito, acabou o pouco de paz que nós tínhamos. Toda semana a polícia entra aqui e mata alguém. Seja bandido, que eles executam, ou trabalhador, que eles atiram nas costas. Não importa se é traficante ou não, aqui todo mundo tem medo da polícia e todo mundo corre quando ela chega — lamenta a mãe de Deividson no enterro do filho, dia 13 de junho, no cemitério do Caju.

Além disso, moradores denunciam que, após atirarem contra a barbearia, PMs ainda teriam adentrado o local, agredido outros clientes e roubado pertences das vítimas, como carteiras, relógios e outros objetos de valor.

A favela Nova Holanda, no bairro de Bonsucesso, é uma das 22 do complexo de favelas da Maré, assim como o Parque União, onde a PM também ataca com frequência. Em abril do ano passado, moradores chegaram a pedir a Ordem dos Advogados do Brasil que instalasse um posto fixo no Parque União para coibir os abusos policiais, mas até hoje, a favela continua entregue à violência permanente da polícia.

No dia 2 de maio último, PMs invadiram a favela para a instalação da nova sede do Batalhão de Operações Especiais, o BOPE, que atualmente fica no Catete, bairro nobre do Rio. A operação terminou com seis moradores mortos, dentre os quais estava um dos chefes do tráfico varejista. Segundo a Secretaria de Segurança Pública e o monopólio dos meios de comunicação, as outras cinco vítimas também morreram em confronto com a PM, uma mentira fabricada para ocultar a chacina promovida pelos policiais.