8 de janeiro de 2012

Justiça nega terceiro pedido de habeas corpus de Shanna Harrouche Garcia, filha do bicheiro Maninho


O Tribunal de Justiça do Rio negou, pela terceira vez em menos de cinco dias, um pedido de habeas corpus de Shanna Harrouche Garcia, de 26 anos, filha do bicheiro Waldomir Paes Garcia, o Maninho, morto em 2004. Shanna e outros sete acusados tiveram prisão preventiva decretada no último mês pela tentativa de homicídio de Rogério Mesquita, em 2008.
Segundo o desembargador de plantão Marcelo Buhatem, autor da decisão que indeferiu o pedido de liberdade, só nesta sexta-feira foram feitas duas solicitações: uma no início da madrugada e outra por volta das 8h. Em ambas a defesa alega que não há os requisitos para a prisão preventiva, e acrescenta que Shanna tem endereço fixo, além de ser mãe de uma criança de dois anos. No segundo pedido, a defesa chega a pedir que, caso o habeas corpus não seja concedido, a Justiça avalie a possibilidade de a filha de Maninho cumprir prisão domiciliar, o que também não foi aceito pelo desembargador.
- Neguei o primeiro pedido e estou negando o segundo. O crime é grave e considerado hediondo - explicou Buhatem.

Em depoimento à polícia, viúva de Maninho disse ter medo de ser assassinada pela própria filha, Shanna

A trama, montada com investigações e depoimentos à polícia, tem lances — e nomes — dignos de uma novela mexicana. Pela herança do pai, o bicheiro Waldemir Paes Garcia, o Maninho, morto em 2004, brigam os filhos Tamara, Shanna e Myro. Pelo domínio dos negócios de Maninho, a disputa envolveu Shanna e o tio, Alcebíades, o Bide, irmão de Maninho. Em mais um capítulo dessa história, brota agora a revelação de que a mãe de Shanna e viúva de Maninho, Sabrina Harrouche Garcia, temia ser morta pela própria filha.
Em depoimento à polícia, logo no início das investigações sobre a tentativa de homicídio do pecuarista Rogério Mesquita, ocorrida em 2008, Sabrina revelou que sabia de informações de que a filha queria matá-la. A irmã de Shanna, Tamara Harrouche Garcia, também poderia ser vítima, segundo Sabrina.
— Apesar de afirmar que não acreditava na história, a mãe tomou providências em relação à sua segurança — ressaltou um promotor do Grupo de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público estadual.
Um dos advogados de Shanna, Marcus Cezar Feres Braga, fez ressalvas em relação ao episódio.
— Essas especulações sempre existem. Ela (Sabrina) fez questão de frisar que não acreditava na história. Estive hoje (anteontem) com a Sabrina e ela prestou total apoio à filha no que for necessário — afirmou ele.
Casamento polêmico
Braga, porém, revelou que Sabrina não aceitava o casamento de sua filha com José Luiz de Barros Lopes, o Zé Personal, assassinado em setembro do ano passado. A união, segundo o advogado, teria sido motivo de um desentendimento entre as duas.
— É o que considero uma briga de batons — amenizou o advogado.
Sabrina foi procurada pelo EXTRA em sua casa e no local onde seria o seu trabalho, ambos na Barra, mas não foi encontrada nos endereços. Nos telefones residencial e comercial de Sabrina, o EXTRA deixou recados para que ela entrasse em contato, mas as ligações não foram retornadas.
‘Briga de batons’ envolveu também irmã
A "briga de batons" na família era também entre irmãs. Shanna e Tamara, gêmeas, disputaram, mais novas, posições no pódio de competições hípicas. A primeira foi amazona de sucesso e figurou no ranking brasileiro. A segunda chegou a montar, mas largou as pistas após um acidente.
Hoje, as duas lutam pela herança do pai. O irmão mais novo, Myro Garcia, também está na briga, mas ao lado de Tamara. Shanna foi nomeada inventariante do espólio de Maninho, mas teve atuação questionada pelos irmãos. Ela teria, de acordo com Tamara, vendidos diversos bens do pai, incluindo cavalos, sem que ela fosse notificada.
Tamara reclama ainda que a irmã não teria depositado os rendimentos do espólio, incluindo o recebimento de aluguéis. Tentando apaziguar a situação, a Justiça do Rio nomeou um inventariante judicial para administrar o espólio de Maninho.
Além da própria mãe, o tio de Shanna, Bide, também disse em depoimento à polícia que foi ameaçado pela sobrinha. Ele ainda apontou Shanna como uma das responsáveis pela tentativa de assassinato de Rogério Mesquita.
Foi por uma dessas suas desavenças que Shanna, de acordo com denúncia do Ministério Público, planejou a morte de Rogério Mesquita. Com outras sete pessoas, além de seu marido, Zé Personal, a filha de Maninho tramou a morte de Mesquita, com quem também disputava o espólio do pai. Pelo crime, Shanna teve a prisão preventiva decretada e está foragida.